Um conto antigo

Na falta de tempo que me acomete, achei um conto antiiiiigo, e resolvi compartilhá-lo por aqui! Espero que gostem, caros (e raros) leitores!

Um dia a gente inda pega essa danada, inda sai a passear com ela por aí. Um dia, de tanto fuçar aqui e lá, a gente acha. A gente ainda descobre onde é que se esconde essa danada dessa menina, que chamam de felicidade.

Lá de longe, na janela da casinha de barro, a menina das trancinhas, coloca as mãos no queixo, e fita o horizonte. Parece esperar por algo que não chega. Com o queixo apoiado, suspira longamente. Deseja em silêncio, e busca com um olhar perdido, pela danada. Pela danada que as gentes todas, por aí a fora, buscam também.

De vez em quando, as tranças saem da janela, e com o vestido de mangas, sentam-se à beira da porta. Olha ainda, com a mesma complacência, o horizonte, e por dentro busca infinitamente ser feliz. O queixo se apóia agora, nos joelhos magrelos da menina.

Lá dentro, a mãe a mexer a polenta no fogo, olha pra menina e em silêncio deseja descobrir o que tanto olha, tanto procura e espera. Depois, olha pra polenta que borbulha e lhe salpica a pele, e pensa em Deus, e na clemência e na abonança. Deseja em seu íntimo ser feliz, mas de certo que nem conhece a palavra. Conhece a sensação. Na verdade imagina como é. Nunca o foi antes. Não pode desejar ser o que nunca provou. Deseja apenas que o sustento se mantenha, que as chuvas venham e que Deus os olhe sempre. Ser feliz, pra ela, é isso. Ela não sabe que sabe o que é felicidade. Essa danada.

O pai, de tardinha, chega da roça. Mãos pretas. Encarvoadas. O chapéu de palha cansado do sol repousa sobre a cadeira. A testa da menina é beijada. A mulher recebe o marido. Sorriso. Satisfação. E aquela sensação desconhecida lhe percorre o corpo. O pai olha o fogão, fumegante. Olha as tranças sentadas na porta, olha a mulher. Rosto cansado, pela dourada do sol. E uma sensação de gratidão lhe corre a alma. Olha pra cima, e em silêncio, agradece a Deus. Mais um dia. Ele não sabe que sabe o que é felicidade.

A mãe chama. Polenta na mesa. O pai. A mãe. A menina. O silêncio. Cabeças baixas. Ouvem-se sussurros na sala. As cabeças levantam. As mãos vão à cumbuca. Pratos são servidos. E a benção do alimento, lhes percorre os corpos. Nesse momento, aquela estranha sensação, lhes percorre de novo. E não sabem que sabem, nem que sentem. Mas a danada está ali.

Um dia a gente inda gruda na barra da saia dessa menina danada. A gente inda anda com ela por aí. A gente inda que encontra a danada. E guarda. Guardadinho.

Por que as mulheres são carentes?

Hoje de manhã, conversando com uma amiga, abordamos este assunto. Por que as mulheres são tão carentes?! Não é de hoje que ouvimos dizer que somos o sexo frágil. E éramos mesmo. Submissas aos maridos, e às vontades dos pais, que lhes arranjavam casamentos por conveniência, tinham de aprender a amar o marido pela imposição diária. Olhava-se para um homem estranho, e necessariamente, era obrigação da mulher sentir amor por ele, assim, os dias seriam mais fáceis.  Que a sociedade nasceu, cresceu e criou-se machista não é novidade. Fomos durante muitos anos obrigadas a aceitar humilhações e maridos grosseiros. O casamento, tido por muitos como instituição falida, já nasceu falida. Não casava-se por amor.

Pois bem. O ser humano "evoluiu" e as mulheres começaram a perceberem-se seres pensantes. Ai, um bando delas resolveu fazer reuniões em casa, e dessa vez não era pra falar de cozinha, mas de política. E foi assim que nasceu o que hoje chamamos de movimento feminista. Algumas mulheres, cansadas de sofrer abusos de seus maridos machistas, resolveram ir à luta, arregaçar as mangas e gritar ao mundo: Eu exiiiisto!  E foram estas mulheres que deram voz às mulheres que somos hoje!Hoje, se podemos votar, ler, escrever, e pasmem, pensar, foi porque lá atrás, estas moças corajosas bradaram seu grito de independência.

Aí a mulher tornou-se independente. Dona de seu próprio nariz saiu pelo mundo em busca de suas conquistas pessoais. Atrás de estudos e profissões que lhes satisfizessem.  Largaram mão de usar apenas saia, e vestiram a calça e a atitude masculina a fim de conquistar horizontes iguais aos dos meninos.  Pois é, a mulher tornou-se então, uma fortaleza tal qual homens. Mas será mesmo?!

Acho muito engraçado que a mulher lutou muito para conquistar seu espaço no mundo, mas hoje luta atrás de ser vista como mulher, o sexo frágil. Percebo que muitas hoje querem apenas sentir-se mulher. Quer ter um cuidado, alguém que lhes carregue a bolsa, que lhes abra a porta do carro e pague a conta. Quer sentir-se frágil para provar o domínio masculino. E vejam, hoje, a mulher procura mesmo pelo seu macho alfa. Aquele braço forte com quem ela poderá contar para qualquer coisa e sempre.

Não acredito que a luta pela independência da mulher tenha terminado.  Ainda existem alguns ajustes sociais a serem feitos, mas me diga e confesse: que mulher não sonha com seu príncipe encantado? Que mulher, hoje, não gostaria apenas de ser mulher? Não ter nada que as obrigasse de sair de perto de seu bebe recém chegado ao mundo? Que mulher não gostaria de receber flores sem motivo? Resumindo, a mulher lutou tanto para ser igual ao homem, ter suas profissões e mesmos direitos, e hoje, luta para ser vista como mulher. Frágil.

 O casamento, antes visto como falta de escolha, hoje é a visão mais pura da liberdade: Casa-se hoje por amor. O amor é o motivo pelo qual as pessoas unem-se, e a liberdade do sentir também é conquista feminina. Não é mais preciso que seu pai lhe arranje um casamento. Ele existirá conforme existir amor. A liberdade feminina foi quem permitiu que homens e mulheres pudessem conhecer-se e amarem-se, para então, viverem juntos para sempre. Ou para quase sempre.

A mulher bradou e foi ouvida. Hoje somos todos iguais, ou praticamente iguais. Somos mulheres mantenedoras do lar, somos provedoras, lutamos de sol a sol, tal qual homens, e trabalhamos, algumas vezes, muito mais do que eles. Nosso trabalho é artístico e tomado por mãos quase divinas. Uma mulher realiza trabalhos com a delicadeza divina.  Somos pertencentes  a uma sociedade que hoje é capaz de nos ouvir. Mas a mulher nunca deixou de ser carente. Nunca deixou de primar pelo sentimento, pela emoção.

Somos homens ( no sentido humano de dizer) incríveis e carentes!!!!!

Ensaio sobre um regime

Diante de tempos em que ser bela é obrigatório, falar sobre regime é tão cotidiano como falar do preço da banana na feira. Podemos dizer que,hoje em dia, vivemos uma ditadura da moda e da beleza, onde ser bonito é sinônimo de estar dentro dos padrões. E que padrões? Aqueles que a indústria da moda instaura na cabeça das pessoas. Das pessas normais, como eu que escrevo, como você que me lê , como tantas outras brasileiras da bunda grande e da perna grossa,e que quer, de algum jeito, ser um pouco européia, magra, esguia, fina, sem curvas. Tenho a impressão de que algumas lojas ainda não notaram que não estamos na europa! mas enfim. O regime do qual quero tratar hoje é outro.
Se a gente precisa emagrecer o corpo pra ficar mais bonita, há quem diga que precisamos também eliminar as gordurinhas, ou o peso em excesso, para que vivamos saudáveis. São essas gorduras que fazem algumas coisas em nosso corpo ir, pouco a pouco, e numa linguagem simples, pifando. Quando você engorda muito muita coisa na sua vida muda. A loja em que você comprava roupas muda, a sua disposição para atividades ao ar livre também; o seu joelho também se torna outro quando você dá uma engordada. E o coração? Pulmão? Fígado? De modo geral tudo se transforma quando você ganha peso, e as mudanças quase nunca são para melhor. Daí focamos num ponto: gordura em execesso faz mal.
De vez em quando, sou uma pessoa muito "viajante", páro num mundo meu e começo a pensar sobre tanta coisa, que quando vejo, estou perdida dentro de meus prórprios pensamentos. e foi assim, numa dessas viagens, que comecei a pensar nas gorduras que levamos na alma. Enloqueceu? Gordura na alma? Não. E respondo:
Se a gordura faz mal, como um vírus que se instaura e vai correndo nosso corpo saudável,porque não podemos tratar as coisas que incomodam nossa alma, que a fazem ficar doentes, como excesso de gordura? Pois é, existem pessoas que são gordas de alma. E quando digo gordas de alma, não quero que a palavra gorda ganhe sentido perjorativo.
E o que seria uma pessoa com alma gorda? São aquelas pessoas que vão fazendo estoque, dentro de si, de coisas que não são necessárias. Vão estocando, tal qual um corpo incapaz de eliminar as calorias, mágoas, ressentimentos, ódios,rancores, e são incapazes de eliminar as toxinas.
A mágoa e seus acompanhantes vão ficando na alma da gente de um modo, que quando percebemos, nos tornamos incapazes de fazer apenas um regiminho para "emagrecer". É ai que precisamos da ajuda de alguns farmacos competentes, que consigam, artificialmente funcionar pelo nosso organismo. É aí que recorremos aos doutores, às mirabolantes dietas facilmente achadas na internet. E quando é que isso acontece? Quando bate o desespero. É na hora em que nos tornamos desesperadas pelo corpo perfeito que procuramos uma ajuda séria, ou na hora em que alguma doença nos comprometa a vida. E quando é a nossa alma quem engordou de repente? Como é que a gente faz?
Algus procuram meios religiosos para salvar a alma do pecado e da cólera. Recorrendo a Deus, antes esquecido, algumas pessoas se ajoelham e pedem perdão, pedem que lhes tire da alma essa gordura, essa coisa pegajosa e que corrói o espírito. Encara Deus como um endocrinologista, e acha que, Ele é quem pode fazer o milagre por si. Mas, se não fizermos nossa parte quando vamos a um endocrinologista, emagrecemos? a resposta é simples: não. Então porque raios devemos achar que, apenas pedindo a Deus tudo se resolverá? Se não segurimos a dieta a risca não vamos perder o peso desejado, portanto, se não seguirmos o ensinemto do nosso novo endócrino, também não obteremos sucesso na nossa dieta de alma. Outras pessoas recorrem a tantas outras filosofias e ensinamentos, e teorias, e falações, sermões e o que for,afim de eliminar estes "quilinhos" a mais. Livros de auto ajuda são famosos por ai. Alguns prometem verdadeiros milagres internos. E vou confessar: talvez estes milagres realmente aconteçam. Tudo depende de quem e do modo como o regime é seguido. Uma escapadinha ali, outra aqui, às vezes são permitidas. Assim como a vontade incontrolável de comer chocolate na TPM será perdoada, sentir-se magoada, ou triste, após toda essa experiência de auto ajuda, também é permitido. Porém, não é permitido exageros que comprometam os resultados finais. Seu chocolate só será liberado na sua TPM. Sua mágoa só será aceitável por uma noite. Faça uma caminhada para perder a caloria do seu doce. E uma prece para perdoar uma mágoa. Você emagrece seu corpo e sua alma.
No fim de tudo isso , acho que a nossa vida, resumiu-se numa dieta. Existem dietas que só beneficiam sua vida. Assim, um obeso,mesmo que não consiga perder um grama, ainda se esforça em comer aquela beterraba no almoço, um magoado também deve exercer a capacidade de esforçar-se. De trocar seu rancor pelo perdão.
A gente pensa em cortes na comida, em reabilitação alimentar para conquistarmos nosso corpo belo, e para curarmos algumas doenças provenientes do excesso de peso. E a palavra da ordem para a dieta da alma deve ser o perdão. O perdão faz pelo seu espírito o que uma caminhada faz pela sua saúde. Você começa com má vontade, aliás, você nem quer caminhar, afinal ser sedentária é tão gostoso. Mas quando começa a caminhar, vai percebendo as maravilhas que isso traz a você. Vai notando que seu corpo muda, e sua disposição aumenta. Assim também é com o perdão: No começo ele parece ser inviável. Perdoar? eu nem tenho o que perdoar. Quem sou eu para isso? Você é alguém que precisa emagrecer já a sua alma.
Emagrecer é eliminar. Perdoar é esquecer. E os dois só funcionam se a gente se dedica, se a gente segue a risca as orientações de um médico, seja ele qual for. E a manutenção é o mais importante. Não posso entregar-me às tentações da comilança, e também não posso deixar-me levar pela raiva ou pela mágoa. Entenda que, do mesmo modo que comer é um prazer efemero,a raiva também deve ser rápida em sua vida. Não cultive as coisas que só engordam você e sua alma.
Vamos caminhar para tonificar as pernas, para nos fazer por a cabeça no lugar. Vamos começar já a fazer algum regime. Seja ele de qualquer ordem.

O importante é emagrecer. Uns o corpo. Outros  a alma.

Começar de novo

Começo este blog como desafio para minha desorganização temporal! Preciso mudar, me dedicar a alguma atividade que realmente me faça bem, e que eu saiba realizar: Escrever! Escrever é uma das coisas que melhor faço na vida, e que mais gosto de fazer.... Então, vamos escrever, e prosear e seguir!!!



Que comece o ano!!! Feliz vida para nós!

Bem vindos todos !!!!!!